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Reajuste da gasolina mostra que Mantega já não manda em nada

Petrobras reajusta combustíveis após Mantega dizer que não ocorreria

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A Petrobras aumentou os preços da gasolina e do diesel, a partir deste sábado (30) nas refinarias, na mesma semana em que o ministro Guido Mantega (Fazenda) derrubou as ações da estatal garantindo, durante palestra em São Paulo, que não haveria o reajuste. O aumento é de 4% para a gasolina e de 8% para o diesel, atendendo aos princípios de uma nova política de preço adotada pela Petrobras. O curioso é que Mantega preside o conselho de administração da empresa.

O último reajuste ocorreu em março passado, 5% no diesel nas refinarias, em média. Em janeiro, foram reajustados o diesel em 5,4% e a gasolina, em 6,6%. Com a Cide zerada, o aumento será repassado diretamente para os preços ao consumidor, até o fim da semana que vem, à medida que recebam combustível com o preço reajustado. O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, acha que nas bombas dos postos o preço da gasolina irá subir cerca de 3% e o do diesel por volta de 5%.

O aumento anunciado mostrou que o ministro Guido Mantega está completamente alijado das decisões mais importantes da área econômica, a cargo da própria presidenta Dilma Rousseff e do secretário do Tesouro, Arno Augustin, um gaúcho que ainda imagina existir a “cortina de ferro”, habituado a demonizar o setor produtivo e a elogiar a intervenção estatal na economia. A Mantega, há anos, está reservado apenas o papel de porta-voz da equipe econômica, anunciando medidas. Apertado por jornalistas, em entrevistas, o ministro da Fazenda sempre dá palpites que nem sempre se confirmam, como no caso do aumento do preço dos combustíveis.

Ao anunciar o reajuste horas depois de Mantega negá-lo, a Petrobras humilhou mais ainda o ministro da Fazenda, presidente do seu conselho de administração, ao revelar uma decisão do próprio colegiado de implantar uma nova política de preços, mas “por razões comerciais, os parâmetros da metodologia de precificação serão estritamente internos à companhia”. A companhia não deixou claro se a proposta de reajustes de preços automáticos foi descartada. A Petrobras disse que não vai revelar os parâmetros da nova metodologia de preços. No fato relevante, a Petrobras informa que esses parâmetros ficarão ”restritos à companhia”.

“Caberá ao Conselho de Administração avaliar a eficácia da política de preços da Petrobras por meio da evolução dos indicadores de endividamento e alavancagem da Companhia”, diz o comunicado da estatal.

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