Dilema

PT ameaça Vargas com expulsão, caso ele não renuncie

PT faz jogo duplo: protege e também ameaça 'expulsar' André Vargas

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Uma manobra do Partido dos Trabalhadores, nesta terça-feira (22), mostrou a intenção de proteger o ainda deputado André Vargas (PT-PR), acusado de corrupção e de envolvimento com um criminoso, o doleiro Alberto Tousseff, preso na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal. Um pedido de vista do  deputado Zé Gerardo (PT-PR) levou o Conselho de Ética da Câmara a adiar para a próxima terça-feira (29) a votação do parecer preliminar do reltor Júlio Delgado (PSB-MG), favorável à investigação contra  Vargas.

Mas em reunião dirigentes do PT avisaram o deputado  André Vargas, ainda pela manhã, que, se ele não renunciar ao mandato, será expulso do partido. Vargas resistiu e desafiou a cúpula petista. “Não renuncio. Agora vou até o fim e vou fazer o meu sucessor na vice-presidência da Câmara”, afirmou, numa referência ao deputado Luiz Sérgio (RJ).

O presidente do PT, Rui Falcão, disse a Vargas que as denúncias de irregularidades envolvendo o nome dele desgastam ainda mais a imagem do partido, já abalada com o escândalo do mensalão. “Você já deveria ter renunciado para evitar tudo isso”, afirmou Falcão, em tom duro.

A reunião, na sede do PT, foi marcada pela tensão. A portas fechadas, o presidente do PT pediu a Vargas que abra mão do mandato para não prejudicar o partido e as campanhas eleitorais de Alexandre Padilha ao governo de São Paulo; de Gleisi Hoffmann à sucessão no Paraná e da própria presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição.

Diante da resistência de Vargas – que levou para a reunião os deputados José Mentor (SP) e Luiz Sérgio (RJ) -, dirigentes petistas deixaram claro não haver dúvida sobre sua expulsão do PT, uma vez que o caso já está com a Comissão de Ética da legenda. Vargas também é alvo de processo no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, que investiga suas ligações com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, por suspeitas de lavagem de dinheiro e outros crimes.

“Nós sabemos que você não vai conseguir sustentar sua versão dos fatos no Conselho de Ética e no plenário da Câmara”, disse Falcão a Vargas. “Ele tem o direito de se defender e nós vamos ajudá-lo”, rebateu Mentor. Nos bastidores do partido e do governo, Luiz Sérgio, Mentor e o deputado Cândido Vaccarezza (SP) são chamados de “tropa de choque” de Vargas.

Protelação

A pedido do deputado licenciado, o petista José Geraldo (PA) apresentou, na tarde desta terça, pedido de vista no processo disciplinar contra o ex-vice-presidente da Câmara. Com a manobra, ele conseguiu ganhar tempo e adiar a análise do caso para o dia 29.

Pressionado pelo PT e por ministros, Vargas só renunciou até agora à vice-presidência da Câmara. Integrante da corrente “Construindo um Novo Brasil”, majoritária no partido, ele está disposto a fazer de Luiz Sérgio o seu sucessor, desafiando o grupo de Rui Falcão, que prefere no cargo o deputado José Guimarães (PT-CE).

Ainda nesta terça, Falcão fará relato da conversa com Vargas à presidente Dilma, com quem se reunirá à noite, no Palácio da Alvorada, juntamente com outros coordenadores da campanha. Para o líder do PT na Câmara, Vicente Paulo da Silva (SP), o Vicentinho, Vargas está cometendo um “grande erro” ao expor o partido, o governo e seus candidatos. “Ele vai ficar sangrando em praça pública”, disse Vicentinho, que também participou da reunião de hoje com Vargas. “Esperamos que ele volte atrás.”

Delgado, que leu o parecer antes da apresentação do pedido de vista, é favorável à continuidade da investigação contra Vargas, para que sejam apuradas as denúncias de envolvimento do parlamentar paranaense com o doleiro Alberto Youssef. De acordo com Delgado, é preciso investigar o tráfico de influência e o recebimento de vantagens indevidas por Vargas. (Com informações da Agência Estado)

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