Investigação

Padilha é citado em troca de mensagens entre Vargas e doleiro

Diálogos envolvem ex-ministro e o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP)

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Investigações da Polícia Federal no âmbito da Operação Lava-Jato encontraram referências comprometedoras ao ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, atualmente em campanha pelo governo de São Paulo pelo Partido dos Trabalhadores (PT). O nome dele é citado durante algumas das 270 mensagens de telefones celulares trocadas entre o deputado André Vargas (PT-PR), então vice-presidente da Câmara, e o doleiro Alberto Yousseff, entre 19 de setembro de 2013 e 12 de março de 2014. A revelação foi do Jornal Nacional desta noite.

Em uma das trocas de mensagens, em 28 de novembro, André Vargas diz a Youssef que Padilha indicou um executivo para o Labogen, laboratório que teria sido usado no esquema de lavagem de dinheiro.  Youssef responde “Ótimo, traga ele para nos reunirmos e contratarmos” e obteve a seguinte resposta do deputado e sócio: “Sexta ele estará aí. Dá o número do celular e fala que é Marcos, estará em São Paulo no dia seguinte ou segunda e que foi o Padilha que indicou”.

“Marcos” é Marcuz Cezar Ferreira de Moura, coordenador de promoção de eventos da assessoria de comunicação do Ministério da Saúde na gestão de Padilha, segundo o relatório da PF. Moura participou de reuniões na Labogen.

O ex-ministro Alexandre Padilha divulgou nota repudiando o envolvimento do nome dele e negou que tenha indicado qualquer pessoa para o laboratório Labogen. André Vargas afirmou que não recebeu de Padilha nenhuma indicação e disse que responderá a todos os questionamentos “nos foros competentes”. Segundo o deputado, “vazamentos seletivos e fora do contexto não podem servir a qualquer prejulgamento”.

A investigação menciona também o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). Em uma troca de de 25 de setembro passado, Youssef diz a André Vargas: “Achei que vc estivessse aqui na casa do Vacarezza”. Vargas responde: “Tô indo;”

Para a polícia, o doleiro Alberto Youssef mantinha relações com o deputado federal Cândido Vaccarezza, “inclusive indicando que houve uma reunião na casa do deputado, reunião esta entre Alberto Youssef, o deputado André Vargas e Pedro Paulo Leoni Ramos”, ministro no governo Fernando Collor e diretor de uma empresa que é sócia oculta do Labogen.

Vaccarezza disse que conhece Pedro Paulo Leoni Ramos e Alberto Youssef, mas não tem relações de amizade com eles. O deputado também negou que tenha realizado na casa dele uma reunião com Vargas e os demais mencionados na investigação da PF.

O relatório sobre as mensagens trocadas entre o doleiro e o deputado André Vargas mostra que a rede de contatos deles chegou também à Caixa Econômica Federal por meio do Funcef, o fundo de pensão da Caixa, terceiro maior do país.

Por mensagem, Youssef pergunta se pode falar em nome de Vargas em uma reunião no Funcef. O deputado responde que sim. A PF relata ainda que André Vargas tem um contato no Funcef: Carlos Borges, diretor de Participações Societárias e Imobiliárias, membro do conselho da Vale. Borges não foi localizado para comentar.

No relatório, a Polícia Federal demonstra a proximidade entre o doleiro e o deputado André Vargas, que  combinam caronas e até uma visita para tomar café na casa do parlamentar.

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