Petrolão

Odebrecht premiou 'bom relacionamento' com propina de US$ 31,5 milhões, diz Costa

Costa diz ter recebido US$31,5 milhões da empresa de Odebrecht (foto)

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A empreiteira baiana Odebrecht pagou 31,5 milhões de dólares em propina ao ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, segundo ele, como reconhecimento pelo “bom relacionamento” entre ele e a empres. A confissão do ex-diretor ocorreu em acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. A Odebrecht é a empresa com o maior volume de contratos na Petrobras, durante o período em que se deu o roubo, de 2004, no goberno Lula, a 2012, no governo Dilma. Como é habitual, a empresa divulgou nota negando as acusações e dizendo ser alvo de ?calúnia?.

Costa detalhou irregularidades da Odebrecht em contratos com a Petrobras. Foi o caso de um contrato no valor de US$ 800 milhões, no final de 2010, na área de segurança, meio ambiente e saúde que somou. A Diretoria Executiva da Petrobras propôs o negócio, que compreendia o controle de emissão de poluentes, saúde dos trabalhadores e segurança nas instalações da estatal. Paulo Roberto Costa disse que, ?posteriormente?, ficou sabendo pela imprensa que Graça Foster, à época em que ela presidia a estatal, determinou a criação de uma comissão interna que reviu o contrato e reduziu o valor para a metade, cerca de US$ 400 milhões.

O ex-diretor da petroleira afirmou ter achado ?estranha? a redução, já que a própria Graça Foster aprovou o contrato, em 2010, quando comandava a diretoria de Gás e Energia. Costa disse aos policiais federais que, na opinião dele, possa ter havido alguma “irregularidade” no contrato, considerando-se que envolvia uma empreiteira que fazia parte do cartel de empresas que dividia entre si as obras da Petrobras.

A confissão de Paulo Roberto Costa, somente agora revelada, foi feita inicialmente à Polícia Federal em 4 de setembro passado e anexadas aos processos da Lava Jato nesta quinta-feira (12). O dinheiro pago pela construtora era depositado em contas na Suíça pelo operador Bernardo Freiburghaus, dono da Diagonal Investimentos. Paulo Roberto Costa contou que os US$ 31,5 milhões foram depositados entre os anos de 2012 e 2013 em quatro momentos diferentes. Ele disse ainda que o dinheiro foi enviado pela construtora para quatro contas correntes distintas em nome de empresas criadas por ele.

O ex-diretor da Petrobras relatou ainda que o pagamento da propina foi sugerida, ?entre 2008 e 2009?, por Rogério Araújo, então diretor de Engenharia da Odebrecht. Na conversa, Araújo teria dito que o ex-dirigente da Petrobras era ?muito tolo? por ?ajudar mais aos outros que a si mesmo?, referindo-se à fatia do suborno que Costa repassava ao Partido Progressista (PP).

?Em relação aos políticos que você [Paulo Roberto Costa] ajuda, a hora que você precisar de algum deles eles vão te virar as costas?, teria dito o diretor da construtora, conforme relato de Costa à PF.

O ex-diretor da Petrobras disse que, então, o diretor da Odebrecht o apresentou a Bernardo Freiburghaus, que seria responsável por efetuar o pagamento da propina no país europeu.

No depoimento, Paulo Roberto Costa afirmou que se reunia a cada dois meses com Freiburghaus e que os depósitos nas contas bancárias da Suíça ocorriam a cada ?dois ou três meses?.

Por meio de comunicado, a Odebrecht negou ter feito “qualquer pagamento ou depósito em suposta conta de qualquer político, executivo ou ex-executivo da estatal?.

Costa destacou que o dinheiro que recebeu da Odebrecht como propina teve origem em contratos firmados entre a Petrobras e a construtora, entre os quais o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e a Refinaria Abreu e Lima.

 

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