Extradição de traficante

Itália decide caso que pode afetar mensaleiro Pizzolato

Corte de Roma julga extradição de holandês condenado no Brasil, que pode ser precedente em ação contra petista condenado no mensalão

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A Corte de Cassação de Roma se reúne nesta segunda-feira, 26, para julgar um pedido de extradição de um traficante de drogas feito pelo Brasil. Mas, para a Justiça brasileira, o que estará em jogo é a capacidade de o País convencer juízes no exterior de que o sistema prisional nacional é adequado para receber criminosos, entre eles o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato. Ele foi condenado no julgamento do mensalão a 12 anos e sete meses de prisão, mas fugiu para a Itália em setembro de 2013.

O que estará em debate é o caso do holandês Ronald van Coolwijk, condenado pela Justiça Federal do Espírito Santo a 20 anos de prisão por tráfico de drogas. Ele foi pego com 625 quilos de drogas e condenado em 1995. Mas conseguiu fugir para a Itália. Se o Brasil conseguir a extradição do holandês, abre-se um precedente que pode ter impacto no caso Pizzolato.

Argumento. Tanto o holandês como Pizzolato argumentaram que as prisões brasileiras não “oferecerem condições humanas” e que, portanto, não poderiam ser extraditados. Ambos conseguiram que a Justiça italiana, em primeira instância, atendesse a seus argumentos.

A defesa de Pizzolato chegou a mostrar um vídeo ao Tribunal de Bolonha, que recusou sua extradição em outubro, sobre presos decapitados no Brasil, além de vários informes da ONU sobre a situação das prisões. O holandês fez o mesmo e conseguiu evitar a extradição. Mas seu caso nem sequer era acompanhado pelo Brasil e apenas chamou a atenção da Justiça diante do risco de que crie precedente e que possa influenciar uma decisão também sobre Pizzolato.

O Ministério Público italiano vai defender a tese de que não se pode generalizar a situação das prisões. O governo brasileiro enviou a Roma o chefe de gabinete da Procuradoria-Geral de Justiça, Eduardo Pelella, além de Marconi Melo, da Advocacia-Geral da União (AGU).

Segundo Melo, o Brasil indicou aos italianos que o holandês ficará preso na penitenciária de Cachoeiro de Itapemirim (ES), onde sua proteção seria garantida. E rechaçou uma decisão contrária à extradição. “É como se dissessem a todos que podem cometer crimes no Brasil e depois fugir para a Itália que nada vai ocorrer.”

A audiência da Corte de Roma, à qual o Brasil recorreu, sobre o caso Pizzolato está marcada para 11 de fevereiro e o País vai argumentar que ele seria enviado a uma prisão que não oferece riscos à vida, como o Complexo da Papuda, no Distrito Federal. (AE)

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