Como se houvesse espaço para mais desdém além de dispor do sugestivo “robalo com bananas douradas” sempre à mesa, a Mesa Diretora comandada pelo deputado Luiz Dantas (PMDB) decidiu fingir simplicidade, ao suspender o pregão e mandar refazer o processo com novo cardápio, “sem ostentação e de forma singela, compatível com o que vem sendo praticado”. Mas a verdade é que o cardápio previsto é idêntico ao mesmo praticado durante o último ano, em contrato que consumiu mais de R$ 73 mil em 12 meses.
Em setembro de 2015, o Pregão para Registro de Preços nº 16 foi homologado com cardápio exatamente igual e com mesmo objeto de contratação. Com previsão para adquirir os itens de bufê até o limite de R$319 mil durante um ano, o contrato foi assinado entre a Assembleia e a empresa Buffet Garry Kasparov LTDA – EPP.
Durante o ano de vigência do contrato, de setembro de 2015 a agosto de 2016, foram gastos R$ 73.406 com o variado e requintado cardápio ofertado pela empresa licitada. Mais de um terço da despesa, R$ 26,5 mil foi paga somente no carnavalesco mês de fevereiro de 2016, quando não houve evento algum que justificasse tamanho gasto.
Conforme o nada confiável portal da transparência do Legislativo (que não expõe dados mensais da folha de servidores), os gastos com o bufê licitado ocorreu no seguinte cronograma:
Outubro/2015: R$ 5.250; dezembro/2015: R$ 8.400; fevereiro/2016: R$ 26.580; maio/2016: R$ 8.616; junho/2016: R$ 6.080; julho/2016: R$ 9.800; e agosto/2016: R$ 8.680.
DOZE VEZES MAIOR
O novo edital ampliaria a estimativa de demanda de participantes da boca livre de 1 mil pessoas para 12.200 pessoas a serem servidas, durante um ano. Se a ata crescesse à mesma proporção, o contrato poderia chegar ao limite de gasto de R$ 3,8 milhões em um ano.
E se mantida a proporção da despesa efetivamente feita no contrato anterior, a perspectiva de gasto saltaria para R$ 932 mil.
“Esse serviço não foi homologado e muito menos contratado. Daí a determinação de refazê-lo, excluindo da lista os itens considerados supérfluos e que jamais foram requisitados pela atual gestão, em eventuais solenidades públicas. A Casa nunca requisitou esses itens destacados pela imprensa nacional. Por isso, o contrato não prosperou e a adesão ocorrerá nos limites do que vem sendo praticado, de maneira austera”, explicou, por meio de sua assessoria, o deputado Isnaldo Bulhões (PMDB), primeiro secretário da Mesa Diretora.
Questionado pelo Diário do Poder sobre o fato de já ter sido gasto dinheiro público com o mesmo cardápio no ano anterior, o deputado leu e não respondeu à mensagem enviada pelo aplicativo WhatsApp.
O CARDÁPIO
Veja uma mostra do variado cardápio que serviu de opção nos eventos da Assembleia Legislativa de Alagoas:
- Salmão ou Robalo com cogumelo.
- Salmão ao molho de maracujá e alcaparras.
- Bacalhau a portuguesa
- Bacalhau a Gomes e Sá
- Lagosta ao molho de queijo
- Lagosta com purê de abóbora
- Filé de Robalo com espinafre/com bananas douradas no azeite e molho especial
- Comida japonesa
- Paella de frutos do mar com açafrão
- Coquetel de camarão com uvas
- Caldeirada
- Arroz de Polvo
- Pituzada
- Casquinha de Siri
- Filé mignon à soberana (grelhado, molho comcogumelo, batatas noisets e abacaxi caramelado)
- Medalhão ao molho de queijo camembert.
- Filé com champignon
- Filé mignon ao molho de funghi porcini.
- Carré
- Carneiro
- Cordeiro
- Picanha na chapa
- Comida Japonesa.
- Lombo com molho agridoce